No mundo dos famosos, é comum ver várias celebridades ostentando voos em seus jatinhos próprios. Nomes como Whindersson Nunes e seu Cessna Citation II, o empresário Luciano Hang com seu Learjet 45, ou, ainda, o jogador Neymar Jr. com seu Citation Sovereign optaram por comprar aviões particulares para se deslocarem.
Outros preferem ter a propriedade compartilhada de um avião com outras pessoas. Esse é o caso de Roberto Justus, que é cotista de um Pilatus PC-24 gerenciado pela Amaro Aviation. Ainda há quem prefira apenas fretar voos para cada demanda particular. No caso da cantora Marília Mendonça, morta na sexta-feira em acidente aéreo, tratava-se de um serviço de táxi-aéreo.
Para cada um desses modelos, é sempre preciso pensar no fator econômico e na segurança envolvida na operação. Veja a seguir algumas vantagens e desvantagens entre ter um avião, ser cotista ou fretar uma aeronave.
Avião particular
Quem preferir, pode comprar um avião próprio para voar pelo mundo. Geralmente, costuma ser a modalidade mais cara para se voar, já que o dono terá de arcar sozinho com os custos de aquisição, manutenção, equipes, hangaragem (onde a aeronave ficará parada) entre os pagamentos de outras taxas.
Entretanto, essa é uma das modalidades preferidas para quem prefere exclusividade, ou também é piloto e gosta de conduzir seu próprio avião. Há, ainda, a possibilidade de pagar uma empresa para administrar a aeronave, restando ao dono apenas manifestar seu desejo de quando e para onde quer voar. A empresa contratada gerencia todo o restante.
Nesse caso, ainda é possível que, quando o dono não for usar o avião, ele seja utilizado para realizar voos fretados para outras pessoas, diminuindo os custos do proprietário e dividindo o lucro da operação com a empresa que administra a aeronave.
Vantagens: avião disponível sempre que precisar; privacidade; possibilidade de escolher o interior do avião e administrar equipes próprias.
Desvantagens: custos mais elevados; necessidade de gerenciar a burocracia do avião.]
Propriedade compartilhada
Também chamada de fractional ownership, a propriedade compartilhada é a aquisição de cotas das aeronaves nas quais se tem interesse. A pessoa se torna proprietária de uma parcela do avião ou helicóptero, mas os detalhes operacionais, como agendamentos, tripulação, abastecimento com comida, seguro etc., são gerenciados por uma empresa que administra as cotas.
É diferente de se juntar com outras pessoas e comprar o avião, pois nessa situação os donos teriam de manter todo o gerenciamento burocrático.
Um dos problemas é não conseguir agendar um voo porque o avião já está reservado para outro cotista. Em algumas empresas com frota maior, é possível que o proprietário voe em outro modelo igual disponível na companhia.
Vantagens: custo menor que ser o único proprietário de uma aeronave; não ter de lidar com a burocracia; tripulação inclusa no contrato.
Desvantagens: presença ainda concentrada no eixo Rio-São Paulo; conflito de agenda com outro cotista para poder voar.
Fretamento
O fretamento é mais comum, sendo essa modalidade chamada de táxi-aéreo, geralmente. Costuma ser o mais prático, pois não há nenhum vínculo entre o interessado e a empresa, bastando informar origem, destino, quantidade de pessoas transportadas e data. A empresa se responsabiliza por todo o restante.
Dependendo da quantidade de horas voadas, sai mais barato que outras modalidades. Não costuma ser indicado para quem tem de voar diariamente. Entretanto, é possível negociar um pacote de horas de voo e tornar a operação mais atraente.
Em geral, não há conflito de agendas, e também existem mais opções de aeronaves para serem escolhidas, de acordo com a necessidade do cliente, desde helicópteros até aviões com maior capacidade.
No táxi-aéreo, também é comum ocorrer o agendamento de pedidos de serviços especiais, como a operação de helicópteros em hotéis, transporte aeromédico etc.
Vantagens: menos burocracia; maior disponibilidade de aeronaves para o cliente escolher.
Desvantagens: pode sair mais caro se a pessoa voa com frequência e tem de contratar o táxi-aéreo com frequência.
Segurança
Todas as três modalidades são seguras para voar, segundo Humberto Branco, piloto e presidente da Aopa Brasil (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves). Ele destaca que a segurança é algo que quem vai voar quer de qualquer maneira, seja fretando um voo ou sendo proprietário.
“Você pode ter um pequeno monomotor e operá-lo de maneira extremamente segura, ou ter um jato moderno, dos mais avançados, de milhões de dólares, e ter uma operação insegura. Isso não tem a ver com o equipamento, mas com a cultura de segurança que o operador define que vai seguir, seja ele fretado ou particular”, diz Branco.
O piloto ainda lembra que a segurança é de interesse de todos. O proprietário do avião particular não quer que a aeronave onde ele irá colocar sua família corra risco de cair. Ao mesmo tempo, a empresa de táxi-aéreo também preza pela segurança, uma vez que essa é a garantia de seu sustento.
Uma vez que a discussão sobre a segurança do avião é superada, quem quer voar tem de analisar para que irá querer usar o avião ou helicóptero.
“Em um determinado momento da análise, é preciso verificar, de acordo com o uso, qual é melhor financeiramente. Em um caso ou outro [compra ou fretamento], os requisitos mínimos de operação são diferentes, mas todos têm de ser observados pelos operadores e órgãos reguladores”, diz Branco.